Estrutura Tripartida da Mensagem:
*
Nascimento;
*Vida;
*Morte/Renascmento.
Os 44 poemas que constituem a Mensagem encontram-se
agrupados em três partes.
Primeira
Parte – Brasão (os construtores do
Império): corresponde ao nascimento, com referência aos mitos e figuras
histórias até D.Sebastião, identificadas nos elementos dos brasões. Dá-nos
conta do Portugal erguido pelo esforço e destino a grandes feitos.
O “Ulisses” – símbolo
da renovação dos mitos: Ulisses de facto não existiu mas bastou a sua lenda
para nos inspirar. A lenda, ao penetrar na realidade, faz o milagre de tornar a
vida “cá em baixo” insignificante. É irrelevante que as figuras de quem o poeta
se vai ocupar tenham tido ou não existência histórica. O que importa é o que
elas representam. Daí serem figuras incorpóreas, que servem para ilustrar o
ideal de ser português.
O “D.Dinis” – símbolo
da importância da poesia na construção do Mundo: Pessoa vê D.Dinis como o rei
capaz de antever o futuro e interpreta isso através das suas ações – ele plantou
o pinhal de Leiria, de onde foi retirada a madeira para as caravelas e falou da
“voz da terra ansiando pelo mar”, ou seja, do desejo de que a aventura
ultrapasse a mediocridade.
O “D. Sebastião, rei
de Portugal” – símbolo da loucura audaciosa e aventureira: o Homem sem a
loucura não é nada; é simplesmente uma besta que nasce, procria e morre, sem
viver! Ora, D.Sebastião, apesar de ter falhado o empreendimento épico, foi em
frente, e morreu por uma ideia grandeza, e essa é a ideia que deve persistir,
mesmo após a sua morte.
Segunda
Parte – Mar Português (o sonho marítimo
e a obra das descobertas): surge a realização e vida; refere personalidade
e acontecimentos dos descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecido
e os elementos naturais. Mas porque tudo vale a pena, a missão foi cumprida.
O “O Infante” – símbolo do Homem
universal, que realiza o sonho por vontade divina: ele reúne todas as
qualidades, virtudes e valores para ser o intermediário entre os homens e Deus.
O “Mar Português”
– símbolo do sofrimento porque passaram todos os portugueses: a construção de
uma supra-nação, de uma Nação mítica implica o sacrifício do povo.
O “O Mostrengo” –
símbolo dos obstáculos, dos perigos e dos medos que os portugueses tiveram que
enfrentar para realizar o seu sonho: revoltado por alguém usurpar os seus
domínios, “O Mostrengo” é uma alegoria do medo, que tenta impedir os
portugueses de completarem o seu destino.
Terceira
Parte – O Encoberto (a imagem do Império
moribundo, a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, capaz
de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional na
diáspora lusíada. A esperança do Quinto Império): aparece a desintegração ,
havendo, por isso, um presente de sofrimento e mágoa, pois falta cumprir-se
Portugal. É preciso acontecer a regeneração que será anunciada por símbolos e
avisos.
O “O Quinto Império”
– símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se
pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado,
curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e contente com o que se
tem e o que se é. O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser
pela lição do ter sido, o Portugal-espirito, ente de cultura e esperança, tanto
mais forte quanto a hora da decadência a estimula.
O “Nevoeiro” –
símbolo da nossa confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto como
um Estado, como emocionalmente, mentalmente, etc.: algo ficou consubstanciado,
pois temos o desejo de voltarmos a ser o que éramos.
·
A Mensagem recorre ao ocultismo para criar o herói – O Encoberto – que se apresenta como
D.Sebastião. Remete par aum sentimento de mistério, indecifrável para a maioria dos mortais. Daí que só o detentor
do privilégio, esotérico se encontra legitimado para realizar o sonho do Quinto
Império.
·
O ocultismo:
o
Três espaços: histórico, mítico e mítico.
o
A ordem espiritual no Homem, no Universo e em
Deus.
o
Poder, inteligência e amor na figura de
D.Sebastião.