quinta-feira, 19 de março de 2015

Memorial do Convento - Simbologia




·        - Convento de Mafra

  D. João V, que surge na obra como um monarca libertino e vulgar (contrariando a História, que o consagra como «o Magnânimo») manda construir um monumento que é símbolo da ostentação régia, da opressão e da vaidade dos poderosos.
       Representa o sacrifício dos operários que construíram esse monumento, a exploração e miséria do povo que nele trabalhou.

·        - Passarola
       
Traduz a harmonia entre o sonho e a sua realização. Graças ao sonho, foi possível juntar a ciência, o trabalho artesanal, a magia e a arte, para fazer a passarola voar.
       Representa a liberdade, a alternativa a um espaço de repressão, intolerância e violência (Inquisição / Despotismo Iluminado).

·        - Blimunda

       Com o seu poder de visão, compreende as coisas sobre a vida, a morte, o pecado e o amor.
       O olhar de Blimunda é o olhar da «História» que o narrador exercita, denunciando a moral duvidosa, os excessos da corte, o materialismo e hipocrisia do clero, as injustiças da Inquisição, o terror, o obscurantismo de uma época, a miséria e as diferenças sociais.

·        - Numero Sete

       Sete são as vezes que Blimunda passa em Lisboa, em demanda de Baltasar. Esse número regula os ciclos da vida e da morte na Terra e pode ligar-se à ideia de felicidade, de totalidade, deordem moral e espiritual.

·        - Sol

       Associado a Baltasar e ao povo, sugere a ideia de vida, de renovação de energias (o povo trabalha até à exaustão no convento, Baltasar constrói uma máquina, mesmo depois de decepado).
       Como o Sol, que todos os dias tem de vencer os guardiães da noite (mitologia antiga), também Baltasar vence as forças obscuras da ignorância e da intolerância ao voar.





·        - Lua

       Símbolo do ritmo biológico da Terra, traduz a força vital que é representada pelas vontades recolhidas por Blimunda para fazer voar a passarola.
       Associada a Blimunda, lembra o seu mágico poder de «ver às escuras», embora este esteja condicionado (só vê o interior das pessoas em jejum e quando não há quarto de lua).

·        - Cobertor

       Trazido da Holanda pela rainha, torna-se símbolo da separaçãoque marca o casamento de conveniência do casal régio. Exprime a frieza do amor, a ausência do prazer, os desejos insatisfeitos.

·        - Colher

       Quando partilhada, é um símbolo da aliança, do compromisso sagrado que vai unir para sempre as duas personagens populares. Exprime o amor autêntico, a atracção erótica e apaixonada, a vivência plena do prazer.

Memorial do Convento - Narrador




Homodiegético

·  Fala na 1ªpessoa, dialoga com outras personagens
·  Ex : o fidalgo do cortejo do casamento dos príncipes (que explica a João Elvas o que se vai passando) e Manuel Milho

Heterodiegético

·  Está fora da história que narra
·  Fala na 3ª pessoa
·  Descreve, sentencia, profetiza

 Em Memorial do Convento, o narrador conta a história com apartes e comentários:

·  com uma voz distanciada e impessoal
·   com uma voz intemporal, comentando os acontecimentos do passado à luz do presente
·   apresentando marcas da oralidade
·   como se estivesse dentro e fora das personagens (omnisciente)

Memorial do Convento - Personagens



Rei D. João V

·   Rei vaidoso, egocêntrico, megalómano e libertino
·    Rico e poderoso - não sabe o que fazer com tanta riqueza
·    Arrogante - a vontade do rei é divina
·   Tem " medo de morrer"
·    É ridicularizado pelo narrador que recorre à caricatura e ao tom irónico na sua descrição

Baltazar

·  Homem do povo nascido em Mafra
·   Não tem a mão esquerda
·  Tem a alcunha de Sete Sóis
·   Apaixonado por Blimunda
·  Sonhador, constrói a Passarola
·   Morre queimado num auto-de fé (54 anos)

Blimunda

·  Mulher misteriosa, fiel, intuitiva e inabalável no amor
·  Possui o dom da vidência, vê o interior dos corpos
·  Tem a alcunha de Sete Luas
·  Tem uma sabedoria muito própria, é inteligente

Padre Bartolomeu de Gusmão

·  Sonhador, visionário e culto
·  Capelão na corte e amigo de D. João V
·  Nascido no Brasil
·  Possui uma visão muito própria da religião pois:
- abençoa a relação de Baltazar e Blimunda
- aceita o dom de Blimunda
- é muito ligado à ciência

·  Possui um espírito cientifico que o vai afastando da igreja progressivamente;
· O seu conhecimento e estudos levam-no a interrogar-se acerca dos dogmas católicos;
· Tem medo da Inquisição pois está consciente de que fez coisas condenadas pelo Santo Oficio como, a construção da Passarola;
·   Morre louco em Toledo;

Domenico Scarlatti

·  Músico italiano, nascido em Nápoles 


· Talentoso, culto e sonhador
·  Professor de D. Maria Barbara
·  Trava amizade com o Padre Bartolomeu na corte do rei
·  Tem conhecimento da existência da Passarola e interessa-se pelo engenho
·   A sua música possui um poder curativo e inebriante

O povo

·  Populares anónimos, analfabetos e oprimidos
· Trabalhadores humildes
·  Sacrificados e sujeitos à exploração dos poderosos
·  Elevados a herói pelo narrador