· - Convento de Mafra
D. João V, que surge na obra como um
monarca libertino e vulgar (contrariando a História, que o consagra como «o
Magnânimo») manda construir um monumento que é símbolo da ostentação
régia, da opressão e da vaidade dos poderosos.
Representa o sacrifício dos operários que construíram esse
monumento, a exploração e miséria do povo que nele trabalhou.
· - Passarola
Traduz a harmonia entre o sonho e a sua
realização. Graças ao sonho, foi possível juntar a ciência, o trabalho
artesanal, a magia e a arte, para fazer a passarola voar.
Representa a liberdade, a alternativa a um espaço de repressão,
intolerância e violência (Inquisição / Despotismo Iluminado).
· - Blimunda
Com o seu poder de visão, compreende as coisas sobre a vida, a
morte, o pecado e o amor.
O olhar de Blimunda é o olhar da «História» que o narrador
exercita, denunciando a moral duvidosa, os excessos da corte, o materialismo e
hipocrisia do clero, as injustiças da Inquisição, o terror, o obscurantismo de
uma época, a miséria e as diferenças sociais.
· - Numero Sete
Sete são as vezes que Blimunda passa em Lisboa, em demanda de Baltasar.
Esse número regula os ciclos da vida e da morte na Terra e pode
ligar-se à ideia de felicidade, de totalidade, deordem moral e
espiritual.
· - Sol
Associado a Baltasar e ao povo, sugere a ideia de vida, de renovação
de energias (o povo trabalha até à exaustão no convento, Baltasar constrói
uma máquina, mesmo depois de decepado).
Como o Sol, que todos os dias tem de vencer os guardiães da noite
(mitologia antiga), também Baltasar vence as forças obscuras da ignorância
e da intolerância ao voar.
· - Lua
Símbolo do ritmo biológico da Terra, traduz
a força vital que é representada pelas vontades recolhidas por
Blimunda para fazer voar a passarola.
Associada a Blimunda, lembra o seu mágico
poder de «ver às escuras», embora este esteja condicionado (só vê o interior
das pessoas em jejum e quando não há quarto de lua).
· - Cobertor
Trazido da Holanda pela rainha, torna-se
símbolo da separaçãoque marca o casamento de conveniência do casal régio.
Exprime a frieza do amor, a ausência do prazer, os desejos insatisfeitos.
· - Colher
Quando partilhada, é um símbolo
da aliança, do compromisso sagrado que vai unir para sempre
as duas personagens populares. Exprime o amor autêntico, a atracção
erótica e apaixonada, a vivência plena do prazer.