quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Simbologia


Que a Mensagem se situa no plano dos símbolos, parece não haver dúvidas se atentar­mos na epígrafe à obra de inspiração esotérica: Benedictus Dominus Deus noster qui dedit nobis signum («Bendito Deus Nosso Senhor que nos deu o Sinal»). Certa é, pois, a importância que Pessoa consagra aos símbolos (esotéricos ou não), desde logo atestada no título de uma das divi­sões da Terceira Parte da obra. Cinco são os poemas que aí receberam o nome genérico de «Os Símbolos». Cinco é o número do despertar da consciência adorme­cida e da reinvenção do dia claro, tópicos que inspiram largamente o conteúdo do segundo dos símbolos – o Quinto Império:

Note que a ligação de D. Sebastião, o pri­meiro dos símbolos, ao Quinto Império se faz através do sonho: «É o que me sonhei que eterno dura,/ É Esse que regressarei.». É ainda pela virtude do sonho que este D. Sebastião sacralizado, alma do futuro de Portu­gal e profeta que a si próprio se anuncia, se faz Desejado, no terceiro dos símbolos. O sonho torna-se esperança e refugia-se nas ilhas afortunadas, símbolo da felicidade adiada, onde «o Rei mora esperando» e donde regressará como o Encoberto, o quinto dos símbolos.

Mas Cinco é, igualmente, o despertar do centro, dos quatro elementos que compõem o universo:

D. Sebastião – a água (ou a alma);

Quinto Império – o fogo (ou o espírito);

O Desejado – o ar (a mente, a revelação);

As ilhas Afortunadas – a terra (a materialidade, a protecção).


O quinto dos símbolos – o Encoberto ­representa a harmonia, a perfeição com que esses elementos se conjugam no universo sonhado.


Símbolos são, ainda, todos os heróis que a obra celebra, transfigurados em almas do Portugal futuro que enigmaticamente pre­nunciam.

Estrutura Tripartida


Estrutura Tripartida da Mensagem:

                * Nascimento;

                *Vida;

                *Morte/Renascmento.

Os 44 poemas que constituem a Mensagem encontram-se agrupados em três partes.

 

                               Primeira Parte – Brasão (os construtores do Império): corresponde ao nascimento, com referência aos mitos e figuras histórias até D.Sebastião, identificadas nos elementos dos brasões. Dá-nos conta do Portugal erguido pelo esforço e destino a grandes feitos.

 

 

O “Ulisses” – símbolo da renovação dos mitos: Ulisses de facto não existiu mas bastou a sua lenda para nos inspirar. A lenda, ao penetrar na realidade, faz o milagre de tornar a vida “cá em baixo” insignificante. É irrelevante que as figuras de quem o poeta se vai ocupar tenham tido ou não existência histórica. O que importa é o que elas representam. Daí serem figuras incorpóreas, que servem para ilustrar o ideal de ser português.

O “D.Dinis” – símbolo da importância da poesia na construção do Mundo: Pessoa vê D.Dinis como o rei capaz de antever o futuro e interpreta isso através das suas ações – ele plantou o pinhal de Leiria, de onde foi retirada a madeira para as caravelas e falou da “voz da terra ansiando pelo mar”, ou seja, do desejo de que a aventura ultrapasse a mediocridade.

O “D. Sebastião, rei de Portugal” – símbolo da loucura audaciosa e aventureira: o Homem sem a loucura não é nada; é simplesmente uma besta que nasce, procria e morre, sem viver! Ora, D.Sebastião, apesar de ter falhado o empreendimento épico, foi em frente, e morreu por uma ideia grandeza, e essa é a ideia que deve persistir, mesmo após a sua morte.

 

 

                               Segunda Parte – Mar Português (o sonho marítimo e a obra das descobertas): surge a realização e vida; refere personalidade e acontecimentos dos descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecido e os elementos naturais. Mas porque tudo vale a pena, a missão foi cumprida.

 

 

O  O Infante” – símbolo do Homem universal, que realiza o sonho por vontade divina: ele reúne todas as qualidades, virtudes e valores para ser o intermediário entre os homens e Deus.

O “Mar Português” – símbolo do sofrimento porque passaram todos os portugueses: a construção de uma supra-nação, de uma Nação mítica implica o sacrifício do povo.

O “O Mostrengo” – símbolo dos obstáculos, dos perigos e dos medos que os portugueses tiveram que enfrentar para realizar o seu sonho: revoltado por alguém usurpar os seus domínios, “O Mostrengo” é uma alegoria do medo, que tenta impedir os portugueses de completarem o seu destino.

 

 

 

                               Terceira Parte – O Encoberto (a imagem do Império moribundo, a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, capaz de provocar o nascimento do império espiritual, moral e civilizacional na diáspora lusíada. A esperança do Quinto Império): aparece a desintegração , havendo, por isso, um presente de sofrimento e mágoa, pois falta cumprir-se Portugal. É preciso acontecer a regeneração que será anunciada por símbolos e avisos.

 

 

O “O Quinto Império” – símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e contente com o que se tem e o que se é. O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espirito, ente de cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula.

O “Nevoeiro” – símbolo da nossa confusão, do estado caótico em que nos encontramos, tanto como um Estado, como emocionalmente, mentalmente, etc.: algo ficou consubstanciado, pois temos o desejo de voltarmos a ser o que éramos.

 

·         A Mensagem recorre ao ocultismo para criar o herói – O Encoberto – que se apresenta como D.Sebastião. Remete par aum sentimento de mistério, indecifrável para  a maioria dos mortais. Daí que só o detentor do privilégio, esotérico se encontra legitimado para realizar o sonho do Quinto Império.

·         O ocultismo:

o   Três espaços: histórico, mítico e mítico.

o   A ordem espiritual no Homem, no Universo e em Deus.

o   Poder, inteligência e amor na figura de D.Sebastião.

Género Epico-lirico


A obra de Fernando Pessoa Mensagem que, dando continuidade à poesia épica, pois «é marcada por um tom messiânico, a profetizar a renovada grandeza da pátria, mediante a instauração do Quinto Império» (p. 311), vai destacar-se também como criação poética que é expressão da subjetividade do sujeito poético, evidenciando marcas do texto lírico.

Como apresenta características desses dois géneros/modos literários, é atribuída à Mensagem o estatuto de texto épico-lírico. Citando Jacinto do Prado Coelho (Dicionário de Literatura), «a poesia da Mensagem é uma poesia épica sui generis, melhor diríamos epo-lírica, não só pela forma fragmentária como pela atitude introspectiva, de contemplação no espelho da alma, e pelo tom menor adequado. […] Dum modo geral interioriza, mentaliza a matéria épica, integrando-a na corrente subjectiva, reduzindo essa matéria a imagens simbólicas pelas quais o poeta liricamente se exprime. Há assim na Mensagem uma dupla face de tédio e ansiedade, de céptica lucidez e intuição divinatória.»

Tanto o texto épico com o texto épico-lírico têm sido aqui tratados, tendo como referência Os Lusíadas, de Camões, eMensagem, de Fernando Pessoa, porque estas são as obras nacionais mais representativas desses dois textos. De qualquer forma, importa ter sempre em conta que o texto lírico se caracteriza como a forma literária centrada na subjectividade, como «modalidade de expressão que escapa aos preceitos da imitação» (p. 78), o que o distingue da poesia épica ou narrativa, pois enquanto a poesia épica ou narrativa «se centra na terceira pessoa e na função referencial», o lirismo define-se, antiteticamente, pela presença dominante da primeira pessoa do presente e pela consequente hegemonia da função emotiva e da carga patética que ela envolve.» (p.80)


Mas, apesar de lírico e épico serem definidos como textos antitéticos, a Mensagem provou que é possível criar uma obra que contenha as duas formas literárias, sabendo conciliar a matéria épica de exaltação de um passado heróico com a expressão lírica da atitude intencionalmente introspectiva, evidenciando-se como texto poético épico-lírico.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Fernando Pessoa - Biografia


Fernando Pessoa foi um poeta filósofo e escritor português.  Publicou 4 obras em vida, e três dessas obras estão na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu algumas das suas obras da língua inglesa para a portuguesa e, da portuguesa para a inglesa.

Enquanto poeta, escreveu sob múltiplas personalidades – heterónimos como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra.

Nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888 e faleceu 30 de Novembro de 1935 ainda em Lisboa. Viajam no navio Funchal até à Madeira e depois no paquete Inglês Hawarden Castle até ao Cabo da Boa Esperança. Em 1899 ingressa no Liceu de Durban, onde permanecerá durante três anos. No ano de 1901, é aprovado com distinção no primeiro exame Cape School High Examination e escreve os primeiros poemas em inglês. Em 1901 parte com a família para Portugal, de férias.

Regressa definitivamente à capital portuguesa, sozinho, em 1905. em 1906, matricula-se no Curso Superior de Letras (atual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), no qual abandonou antes de completar o primeiro ano. Interessa-se pela obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre António Vieira.

Pessoa estreou se como crítico literário, provocando polémicas junto à intelectualidade portuguesa. Em 1913 escreveu "O Marinheiro". Em 1914, devido à sua capacidade de "outrar se", criou mais heterónimos (Alberto Caeiro (criado em 1914 e "morto" em 1915), Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, etc.), assinando as suas obras de acordo com a personalidade de cada heterónimo.

Em 1918, Pessoa publicou poemas em inglês, resenhados com destaque no "Times". Em 1921 fundou a editora Olisipo, onde publicou poemas em inglês.

Em 1927 passou a colaborar com a Revista "Presença". Em 1934 publicou "Mensagem".

Em 29 de Novembro de 1935, foi internado com o diagnóstico de cólica hepática. A sua última frase, escrita em inglês, dizia: "I know not what tomorrow will bring".

 



"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."
 
Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; escrito entre 1913-15; publicado em Atena nº 5 de Fevereiro de 1925.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Os Lusíadas - Reflexões do Poeta

Luís de Camões, n´Os Lusíadas, não consegue calar a voz crítica da sua consciência nem a sua emoção. Então, interrompendo o tom épico, como os bons clássicos de Roma e Grécia, umas vezes, a sua palavra ganha uma feição didáctica, moral e severamente crítica; outras vezes, expressa o lamento e o queixume de quem sente amargamente a ingratidão, ou os desconcertos do mundo.
        Na primeira reflexão d’Os Lusíadas sobre a insegurança da vida, Camões reage à traição protagonizada por Baco, lamentando-se da personalidade escondida dos seres humanos. Estabelece um paralelismo entre os perigos encontrados no mar e em terra, verificando que em nenhum dos ambientes há segurança absoluta. Na sequência disto, reflecte sobre a posição do ser humano face à natureza, já que na sua fragilidade e insegurança é capaz de atravessar mares e conquistar povos, ultrapassando com sucesso os diferentes obstáculos.
        A reflexão sobre a dignidade das Artes e das Letras é um episódio marcadamente Humanista. Isto é observável noutras partes da obra pela demonstração da vitória do Homem sobre a Natureza e a vontade de saber e descobrir. No que se refere a este trecho específico, o Humanismo revela-se pela presença da componente pedagógica oferecida pelas “artes e letras” e pelo modelo de perfeição humana que é a capacidade de conjugar os feitos guerreiros com o conhecimento literário, objectivo conseguido pelos chefes da antiguidade (como seja o exemplo citado de César).
        Camões alegra-se ao verificar que na Antiguidade sempre houve personagens protagonistas de feitos heroicos e simultaneamente autores capazes de os cantar condignamente. Em oposição, lamenta-se do facto de, apesar de os portugueses terem inúmeros feitos passíveis de serem louvados, não ser prezada a poesia, tornando-o num povo ignorante. Na sequência disto, caso continue a não haver em Portugal uma aposta nas artes, nunca ninguém exaltará os feitos dos portugueses. No entanto, Camões vai continuar a escrever a sua obra, por amor e gosto à arte de louvar, mesmo sabendo de antemão que o mais provável é não ver devidamente reconhecidos os seus versos.
        No final do canto VI, Camões apresenta-nos o seu conceito de nobreza, recorrendo para isso à oposição com o modelo tradicional. Desta forma, o poeta nega a nobreza como título herdado, manifestada por grandes luxos e ociosidade. Propõe então, como verdadeiro modelo de nobreza, aquele que advém dos próprios feitos, enfrentando dificuldades e ultrapassando-as com sucesso. Só assim poderá superiorizar-se aos restantes homens e ser dignamente considerado herói. O estatuto será adquirido ao ver os seus feitos reconhecidos por outros e, mesmo contra a sua vontade, ver-se-á distinguido dos restantes.
        Na reflexão que faz no início do canto VII, Camões faz um elogio ao espírito de cruzada e critica os que não seguem o exemplo português. Isto porque, para Camões, a guerra sem pretensões religiosas não faz sentido, visto ser apenas movida pela ambição da conquista de território. Assim, recorre ao exemplo do Luteranismo alemão para criticar a oposição ao Papa e às guerras que não seguem os ideais camonianos. Dirige-se depois aos ingleses, que deixam que os Muçulmanos tenham sob controlo a cidade de Jerusalém e preocupa-se apenas em criar a sua nova forma de religião (anglicanismo). Também os franceses, ao invés de combaterem os infiéis, aliaram-se aos turcos para combater outros cristãos. Nem os próprios italianos passam impunes, ao ser-lhes criticada a corrupção. Para incitar à conquista de povos não-cristãos, visto esta causa não ser suficiente, Camões lembra as riquezas da Ásia Menor e África, incitando desta forma a expansão. Termina elogiando os portugueses, que se expandiram por todo o mundotendo como fim primário a divulgação da fé.
        Na segunda reflexão que faz no canto VII, Camões critica os opressores e exploradores do povo. Começa por uma retrospectiva da sua própria vida, com etapas como a pobreza, a prisão, o naufrágio, fazendo destas um balanço negativo. No entanto, para ele a maior desilusão continua a ser o facto de não vera sua obra devidamente reconhecida. Alerta portanto para o facto de os escritores vindouros se poderem também sentir desta forma, desencorajando a escrita e a exaltação dos heróis. Segue depois para uma crítica mais abrangente, afirmando que não louvará quem se aproxima do Rei tendo como intentos únicos a fama e o proveito próprio. Não louvará também aqueles que se inserem nos meios reais de forma a conseguirem poder para explorar o povo. Termina invejando aqueles que em serviço do Rei foram reconhecidos, já que ele se sente cansado pela forma como é tratado pelos compatriotas.
        No final do canto VIII, Camões centra a sua reflexão nos efeitos perniciosos do ouro, constatando que a avidez em que vive o ser humano conduz muitas vezes a acções irreflectidas, independentemente da posição social. Lista todos os efeitos do metal precioso, desde traições à corrupção da ciência, ao afirmar que o ouro pode fazer com que os juízes deem demasiada importância a uma obra pelo facto de terem sido remunerados para tal.

        No final da obra, Camões lamenta-se do facto de não estar a ser devidamente reconhecido, já que a sociedade se rege somente pelo dinheiro, decidindo por isso pôr-lhe termo. Não deixa no entanto de louvar os portugueses e todos os perigos por eles ultrapassados (definição camoniana de nobreza). Elogiando os heróis passados, alerta os homens do presente que a vida nobre não passa pelo ouro, cobiça e ambição. Exorta D. Sebastião a valorizar devidamente aqueles que pelos seus feitos se puderem considerar nobres. Correspondendo à visão aristotélica da epopeia, remata com novas proposição e dedicatória e incita o rei a feitos dignos de serem cantados.

A Ilha dos Amores

Depois de todas as etapas vencidas, os portugueses merecem descanso, que decorrerá na Ilha dos Amores, local concebido pelo épico, simbolizando a recompensa pela heroicidade, a satisfação dos sentidos e a harmonia no Universo. É aqui que os portugueses são mitificados e se tornam Deuses, como se verifica quando as Ninfas se entregam aos navegadores, alcançando a glória. 


A Ilha dos Amores: exaltação dos navegadores como herói, capazes de ascensão à divinização. Recompensa pela heroicidade, pelas conquista/ Satisfação dos sentidos/ Posse de conhecimento/ Harmonia do universo.

Fogo de Santelmo e Tromba Marítima

Ambos os episódios são naturalistas e descrevem “cousas do mar” que os sábios não entendem mas que Vasco da Gama e a sua tripulação presenciaram. Camões faz uma breve referência a este “lume vivo“ salientado que os olhos dos marinheiros não os enganavam pelo uso de um pleonasmo do verbo ver = “Vi, claramente visto, o lume vivo”.
Este fogo aparece na extremidade dos mastros e vergas dos navios em altura de tempestade, e que resulta de descargas eléctricas.
A tromba marítima é reflectida como um enorme tubo que aumentava em direcção ao céu, partia de um “vaporzinho”, adensava-se chupando a água das ondas para uma nuvem que se carregava para esvaziar uma violenta chuvada sobre o oceano.

É feita a descrição em pormenor da formação da tromba de água, e nas duas últimas estrofes, o poeta salienta que os marinheiros por experiência própria, têm mais capacidades de explicar estes fenómenos naturais, do que os sábios que o fazem por meio de obras escritas, teóricas.

Velho do Restelo

No momento da largada ergue-se a voz de um respeitável velho que sobressai de entre todas as que se tinham feito ouvir até então. Ela representa todos aqueles que se opunham à louca aventura da Índia e preferiam a guerra santa no Norte de África.
Se as falas das mães e das esposas representam a reacção emocional àquela aventura, o discurso do velho exprime uma posição racional, fruto de bom senso da experiência (“tais palavras tirou do experto peito”) e do sentido das vozes anónimas ligadas ao cultivo da terra, sobretudo no norte do país, defensoras de uma política de fixação oposta a uma política de expansão com adeptos mais a sul.
E assim, o Gama que representa este homem sempre insatisfeito e que está disposto a enfrentar os mais difíceis obstáculos e a suportar os mais duros sacrifícios para conseguir o seu objectivo, tinha perfeita consciência da lógica, da verdade e sensatez das palavras do Velho do Restelo, da condenação moral da empresa mas não lhe podia dar ouvidos porque levava dentro de si um incentivo maior e mais forte, um dever a cumprir imposto pelo rei e pela pátria e até um imperativo ético e psicológico.
No entanto, as palavras pessimistas do velho acabam por evidenciar o heroísmo daquele punhado de homens tanto maior quanto mais consciente. O Velho do Restelo fala como um poeta humanista que exprime desdém pelo “povo néscio” ou seja, o clássico horror ao vulgo.
Há portanto uma contradição entre o discurso pacifista do velho e a épica exaltação dos heróis e seus feitos de armas. A personagem seria um porta-voz da ideologia característica da formação humorística de Camões.

O Velho do Restelo é o próprio Camões erguendo-se acima do encadeamento histórico e medindo à luz os valores do humanismo. Ele é o humanista que torna a palavra, humanista para quem os acontecimentos que lhe servem de tema constituem apenas o material para um poema e que reserva constantemente a sua liberdade de juízo.

Despedida de Belém

CANTO IV, 83-85

Foi no dia 8  de Julho de 1497 que a armada portuguesa, capitaneada por Vasco da Gama, partiu  em procura do desconhecido. Uma enorme multidão concentrou-se na praia de Belém para assistir à partida dos marinheiros seus amigos ou familiares.
O tema deste  excerto lírico, é emotivo do ponto de vista sentimental, pois é revelada uma  enorme saudade por aqueles que vão “navegar” e por aqueles que ficam.
É  um episódio constituído por uma primeira parte, em que se descreve o local da  partida e o alvoroço geral dos últimos preparativos da viagem, estando as naus  já preparadas e os nautas na ermida de Nossa Senhora
de Belém orando.
Numa segunda  parte, em que Gama e os seus marinheiros passam por entre a multidão para chegar  aos batéis, num caminho desde o “santo  templo”, destacam-se as evocações de mães e esposas acerca da partida, criando um entristecimento na emotiva despedida do Restelo.
Finalmente,  na terceira parte, é referido o embarque em que, por determinação de Vasco da  Gama, não se fazem as despedidas habituais num sentido de menor  sofrimento.
Também se pode considerar a importância desta viagem para  Portugal, pois para além dos proveitos que poderia trazer ao reino, simbolizava,  acima de tudo, um perigo.

Sonho de D.Manuel I

D. Manuel I logo que assume o poder pretende dar continuidade aos desejos do seu antecessor, na conquista de novos mares e novas terras. Numa noite sonha com vários mundos, nações de muita gente, estranha e feras e vê dois homens que pareciam muito velhos. Estes apresentam-se como "os rios do Ganges e Indo". O sonho prenuncia os êxitos, a fama, o poder e a glória que se cobrirá por o Rei ter conseguido descobrir o Oriente.

Os navegantes e, em especial, o comandante Vasco da Gama, ultrapassam a sua individualidade ou a participação do herói colectivo (povo português).

São símbolo do heroísmo lusíada, do espírito de aventura e da capacidade de vivência cosmopolita.


Durante o sono, o Deus do sonho aparece-lhe (Morfeu).

                        Engrandecimento do herói:

Ø  Morfeu inicia a apresentação da profecia com o prenúncio positivo de um alto e celesto destino para D.Manuel I, quando se leva no céu, tocando a lua.

Ø  Profecia:
o   Vê vários mundos e muita gente estranha;
o   Vê duas fontes no Oriente.

As fontes simbolizam o nascimento de vida, logo o nascimento de um novo império.

Caracterização dos velhos:

o   Surgem com a cabeça coroada, simbolizando a importância que ambos assumem.

o   Na decoração da coroa denuncia-se a estranheza dos elementos: ramos e ervas desconhecidas.

Análise - Batalha de Aljubarrota


 
Tema e divisão em partes:

O texto, cujo tema é a descrição da batalha de Aljubarrota, pode dividir-se em três partes lógicas.

A primeira parte (28 e 29) constitui uma espécie de introdução, em que o poeta assinala o terrível efeito provocado, na natureza e nas pessoas, pelo espantoso sinal lançado pela trombeta castelhana para o começo da batalha.

A segunda parte - desenvolvimento (de 30 a 42) é a descrição propriamen­te dita da batalha (entrecortada por um comentário emotivo do poeta na es­trofe 33), em que se realça a acção de Nuno Álvares (30, 34 e 35), o movimento terrificamente barulhento e confuso da refrega (31), a referên­cia aos irmãos de Nuno Álvares que lutavam do lado dos castelhanos e res­pectivo comentário do poeta (32 e 33), a acção de D. João I, que, como chefe e rei, a todos entusiasmava não só com palavras, mas também com o exemplo (entre as setas dos inimigos corro e vou primeiro).

Finalmente, a terceira e última parte – conclusão (43-45) apresenta-nos a desmoraliza­ção e fuga desastrosa dos castelhanos e a vitória eufórica dos portugueses.

Primeira parte – Introdução (est. 28 e 29)


Síntese


A trombeta castelhana dá o sinal para a guerra e este ecoa por toda a Península Ibérica, desde o Cabo Finisterra ao Guadiana, desde o Douro ao Alentejo. As mães apertam os filhos contra os peitos. Há rostos sem cor e o terror é grande, muitas vezes maior do que o próprio perigo. Durante o combate as pessoas, com o furor de vencer, esquecem-se do perigo e da possibilidade de ficarem feridas ou mesmo de perderem a própria vida.

Análise estilística das estrofes 28 e 29:

O poeta realça logo o tremendo sinal de combate, dado pelos castelhanos, por meio dos adjectivos “horrendo”,“fero”, “ingente”, “temeroso”, “som terríbil”. Com o fim de realçar o efeito produzido por esse tremendo som da trombeta caste­lhana, há a personificação de seres da natureza física (o monte, os rios) que, eles próprios, tremeram frente a esse terrível sinal de guerra. Associada à personificação surge também a hipérbole: “o Guadiana atrás tornou as ondas de medroso; correu ao mar o Tejo duvidoso.”

Como símbolo do medo e terror deste som da guerra aparece a ternura das mães, aos peitos os filhinhos aper­tando. O efeito deste sinal de guerra é ainda realçado pelos rostos macilentos (quantos rostos ali se vêem sem cor). Para realçar este pavor que precedeu a própria batalha, o poeta afirma, a jeito de conclusão, que nos perigos grandes, o temor é maior muitas vezes que o perigo.


Segunda parte – Desenvolvimento (est. 30 a 42)

Síntese

A guerra começa. Uns são movidos pela defesa da sua própria terra e outros pelo desejo de vitória. Os inimigos são muito numerosos, mas os portugueses defendem-se com bravura. D. Nuno Álvares Pereira destaca-se na luta. D. Diogo e D. Pedro Pereira, irmãos de Nuno Álvares Pereira, estão a combater contra ele, “(caso feio e cruel)” – no entanto, não tão grave como combater contra o rei e a pátria.

No primeiro esquadrão há portugueses que renegaram a pátria e combatem contra seus irmãos. D. João I, sabendo que D. Nuno Álvares corria perigo, acudiu à linha da frente para apoiar os guerreiros com a sua presença e palavras de encorajamento e, com um único tiro, matou muitos adversários.

Depois desta situação, os portugueses mais entusiasmados lutam sem recearem perder a vida. Muitos são feridos, muitos morrem, mas a bandeira castelhana é derrubada aos pés da lusitana.

Com a queda da bandeira castelhana, a batalha tornou-se ainda mais cruel. Sem forças para combaterem, os castelhanos começam a fugir e o rei de Castela vê-se derrotado e impedido de atingir o seu propósito.

Análise estilística da estrofe 31:

Na estrofe 31 note-se a expressividade dos adjectivos: espesso ar (a salientar que a própria atmosfera se mostrava de ar carregado), estridentes farpões, pés duros, ardentes cavalos, duras armas; a expressividade dos verbos: tiros voavam, treme a terra; vales soam, espedaçam-se as lanças, tudo atroam, re­crescem os inimigos. Há também a inversão da ordem das palavras (hipérbato), ao gosto clássico. Mas o que mais impressiona nesta estrofe é a admirável har­monia imitativa (onomatopaica) que existe entre o seu corpo fónico e o baru­lho da batalha.

Em poucos textos da nossa literatura o significante terá tanta importância como nesta estrofe 31, para dar visualidade e impressionismo à mensagem.

Aqui as palavras valem quase tanto pelo seu corpo fónico (significante) como pelo seu significado, na construção da mensagem. Veja-se como o corpo fónico das palavras sublinha o seu significado nestes dois versos, em que as aliterações e a sucessão de sibilantes se aliam ao encavalgamento, para sugerirem a catadupa estilhaçante de lanças e armas nas sucessivas quedas:

Espedaçam-se as lanças, e as frequentes

Quedas co as duras armas tudo atroam.

Intenção e efeito da estrofe 33:

Esta intervenção emocional do poeta, apostrofando célebres traidores da pátria, serve para, a jeito de coro na tragédia, pôr em evidência e comentar o caso feio e cruel de dois irmãos de Nuno Álvares se encontrarem do lado dos castelhanos, lutando contra a sua pátria e contra seu irmão.

A descrição da batalha é um episódio essencialmente cavaleiresco, dominado do princípio ao fim pela bravura patriótica de Nuno Álvares. O facto de surgirem dois irmãos, como eles portugueses (esses renegados), lutando contra a pátria e contra o irmão, além de conferir maior dramatismo à descrição pelo que há de chocante em semelhante traição, vem realçar a figura impolutamente patriótica de Nuno Álvares.

A descrição da batalha de Aljubarrota é-nos dada pelo poeta sobretudo como um quadro exaltador de Nuno Álvares.

Terceira parte – Conclusão (est. 43 a 45)

Síntese

Os castelhanos fogem vencidos e encobrem a dor das mortes, a mágoa, a desonra, maldizendo e blasfemando de quem inventou a guerra ou atribuindo a culpa à sede de poder e à cobiça. D. João I passa alguns dias no campo de batalha para comemorar e agradecer a Deus a vitória com ofertas e romarias, mas D. Nuno Álvares Pereira, que só quer ser recordado pelos feitos bélicos, desloca-se para o Alentejo.

 

D. Nuno Álvares Cabral

D. Nuno Álvares Pereira também conhecido como o Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria, hoje São Nuno de Santa Maria, ou simplesmente Nun' Álvares (Paço do Bonjardim ou Flor da Rosa[i], 24 de Junho de 13601 – Lisboa, 1 de Novembro de 14312 ) foi um nobre e guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º Condestável de Portugal, 38.º Mordomo-Mor do Reino, 7.º conde de Barcelos, 3.º conde de Ourém e 2.º conde de Arraiolos.

Considerado como o maior guerreiro português de sempre e um génio militar. Comandou forças em número inferior ao inimigo e venceu todas as batalhas que travaram. É o patrono da infantaria portuguesa.

Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas», chamando-lhe o "forte Nuno" e logo no primeiro canto (12ª estrofe) é evocada a figura de São Nuno, ao dizer "por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço" e no canto oitavo, estrofe 32, 5.º verso: "Ditosa Pátria que tal filho teve".

Uma escultura sua encontra-se no Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio, em Lisboa, outra no castelo de Ourém e uma, equestre, no exterior do Mosteiro da Batalha. Tem também uma estátua em Flor da Rosa,3 um dos dois locais apontados como sua terra natal.

São Nuno foi canonizado pelo Papa Bento XVI, em 26 de abril de 2009,4 e sua festa é a 6 de Novembro 5.


O dia do seu nascimento é feriado no concelho da Sertã.


Batalha de Aljubarrota

Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de Agosto de 1385 entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano e seus aliados liderados por D. João I de Castela. A batalha deu-se no campo de São Jorge, pertencente à freguesia de Calvaria de Cima, concelho de Porto de Mós, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre o referido concelho e Alcobaça .

O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação de D. João I, Mestre de Avis, como rei de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis. A aliança Luso-Britânica saiu reforçada desta batalha e seria selada um ano depois, com a assinatura do Tratado de Windsor e o casamento do rei D. João I com D. Filipa de Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, D. João I mandou edificar o Mosteiro da Batalha. A paz com Castela só viria a estabelecer-se em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.


A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da história de Portugal. Inovou a tática militar, permitindo que homens de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até hoje. No aspeto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do Reino de Castela e Leão, permitindo a afirmação de Portugal como Reino Independente, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das épocas mais marcantes da história de Portugal, a era dos Descobrimentos.




Batalha de S.Mamede

A Batalha é travada a 24 de junho de 1128 "in campo Sancte Mametis quod est prope castellum de Vimaranes". Desde 1112, ano da morte do seu esposo, D. Teresa detinha o governo do condado Portucalense tendo a seu lado fidalgos castelhanos, nomeadamente Fernão Peres de Trava, com quem, se pensa, que terá mantido uma relação marital. Já desde 1127 o infante Afonso Henriques mantinha discórdias importantes com sua mãe e tentou por este motivo apoderar-se do governo do Condado.
As tropas do infante e dos barões portucalenses enfrentaram as de Fernão Peres de Trava e dos seus partidários portugueses e fidalgos galegos no dia de S. João Batista do já referido ano de 1128. A vitória foi para D. Afonso Henriques. O cronista do mosteiro de Santa Cruz aproveitou a coincidência da data da batalha com a festa religiosa para exaltar o acontecimento, conseguindo colocá-lo ao nível das intervenções divinas. S. João Batista tinha sido o anunciador de Jesus Cristo pelo facto de a batalha se ter dado na data em que se venera esse santo e a vitória ter sorrido a D. Afonso Henriques. Tal facto é, para o cronista, prova de que o infante era, também ele, o anunciador do aparecimento de um novo reinado.


Efectivamente, esta batalha foi decisiva, pois com ela mudaram os detentores do poder no condado (expulsão de D. Teresa e do "seu conde") e mudaram ainda as relações das forças sociais para com o próprio poder. Os barões portucalenses, ao escolherem D. Afonso Henriques para seu chefe, recusavam-se a aceitar a política da alta nobreza galega e do arcebispo de Compostela; por esta via estavam a inviabilizar um reino que englobasse Portugal e a Galiza. Desencadearam uma corrente independentista capaz de subsistir por si só e capaz de resistir a todas as tentativas posteriores de reabsorção. A localização exata do campo de batalha é ainda pouco precisa; sabe-se, no entanto, que a refrega se deu, sem qualquer dúvida, perto de Guimarães.



Rei Dom Manuel I - O Venturoso

D.Manuel I

Foi rei da Segunda Dinastia e o décimo quarto Rei de Portugal. Filho de Dom Fernando, Duque de Viseu e de Dona Beatriz, que nasceu em Alcochete a 31 de Maio de 1469 e morreu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1521 e está sepultado em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos e casou com Dona Isabel de Aragão e teve como descendentes legítimos: Dom Miguel, Dona Isabel, Dona Beatriz, Dom Luís, Dom Fernando, Dom Afonso, Dom Henrique, Dona Maria, Dom Duarte, Dom António, Dom Carlos.
Começou a governar em 1495 e terminou em 1521
Em circunstâncias normais, Dom Manuel não seria nunca rei de Portugal. Mas a sorte bafejou-o. O seu antecessor, Dom João II, não deixou descendentes directos, pois o seu único filho legítimo, Dom Afonso, morrera aos dezasseis anos, devido a uma queda de cavalo. O parente mais próximo eram precisamente Dom Manuel, neto paterno do rei Dom Duarte e primo e cunhado de Dom João II. Mas não foi apenas por herdar o trono que Dom Manuel foi cognominado de “O Venturoso”.
É que, à excepção dos casamentos (enviuvou duas vezes), tudo lhe correu bem na vida. Assim, durante o seu reinado, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia; Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta oficial do Brasil; Afonso de Albuquerque dominou a Índia e assegurou para Portugal o monopólio do comércio das especiarias.

Cronologia dos Reis de Portugal

Primeira Dinastia – Afonsina

 1143 - 1185
D. Afonso Henriques "O Conquistador" (25 Julho 1111 Guimarães-6 Dezembro 1185 Coimbra).. Casou com D. Mafalda de Sabóia

1185 - 1211
D. Sancho I "O Povoador" (11 Novembro 1154 Coimbra-27 Março 1211 Coimbra). Casou com D. Dulce de Aragão

1211 - 1223
D. Afonso II "O Gordo" (23 Abril 1185 Coimbra-21 Março 1223 Alcobaça). Casou com D. Urraca

1223 - 1248
D. Sancho II "O Capelo" (8 Setembro 1202 Coimbra-4 Janeiro 1248 Toledo). Casou com D. Mécia Lopes de Hero

1248 - 1279
D. Afonso III "O Bolonhês" (5 Maio 1210 Coimbra-16 Fevereiro 1279 Alcobaça). Casou com D. Matilde de Bolonha e com D. Beatriz de Castela

1279 - 1325
D. Dinis I "O Lavrador" (9 Outubro 1261 Lisboa-7 Janeiro 1325 Odivelas).
Casou com D. Isabel de Aragão

1325 - 1357
D. Afonso IV "O Bravo" (8 Fevereiro 1291 Coimbra-28 Maio 1357 Lisboa). Casou com D. Beatriz de Molina e Castela

1357 - 1367
D. Pedro I "O Justiceiro" (18 Abril 1320 Coimbra-18 Janeiro 1367 Alcobaça). Casou com D. Constança Manuel e com D. Inês de Castro

1367 - 1383
D. Fernando I "O Formoso" (31 Outubro 1345-22 Outubro 1383 Santarém). Casou com D. Leonor de Telles

1383 - 1385

Interregno


Segunda Dinastia – Aviz

 1385 - 1433
D. João I "O de Boa Memória" (11 Abril 1357 Lisboa-14 Agosto 1433 Batalha). Casou com D. Filipa de Lancastre

1433 - 1438
D. Duarte I "O Eloquente" (31 Outubro 1391 Viseu-9 Setembro 1438 Batalha). Casou com D. Leonor de Aragão

1438 - 1481
D. Afonso V "O Africano" (15 Janeiro 1432 Sintra-28 Agosto 1481 Batalha). Casou com D. Isabel de Lancastre

1481 - 1495
D. João II "O Príncipe Perfeito" (3 Maio 1455 Lisboa-25 Outubro 1495 Batalha). Casou com D. Leonor de Viseu

1495 - 1521
D. Manuel I "O Venturoso" (31 Maio 1469 Alcochete-13 Dezembro 1521 Belém). Casou com D. Isabel de Castela, D. Maria de Castela e com D. Leonor